quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

já perdi a conta ao refresh

refresco isto de cinco em cinco segundos

ando à espera de não sei de quê
sento-me na ponta da cadeira naquele intermédio de me levantar

ando alerta
atenta
demais, um bocado demais

sinto que estou com pressa de alguma coisa,
mas como não sei bem o que é vou esperando

sentada na pontinha da cadeira
pescoço tenso

diferente do absorto desligado normal
este é o modo suspenso

será uma resposta qualquer?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

não, não me levantei no fim

e tu? a ti move-te isto e trauteias com os dedos nas pernas como eu tamborilaria com a voz esta parte em menor, se pudesse

a ti, que na minha periférica só tens braços e pernas e te levantas para aplaudir,

mesmo sem cabeça

pinho vargas a solo - parece férias, não sei a data

não me comoveste especialmente, foram mais os pequenos miúdos recordantes e o tempo e a calma que o tempo preenche.

ninguém coça a barba como tu, de um modo tão cativante. sei a tua face, o osso do maxilar e cada pedaço ruivo da tua cara decor
ainda.

o ainda assim na outra linha.

ninguém me chamou lhi mais vez nenhuma. aqueles quadrados de chocolate apodrecerão comigo
não que isso tenha nada de belo
mas esse último acorde soube a kecskemét e chick corea
inspirado e mais que tudo inspirador
como as duas cabeças quase unidas nos lugares mesmo à minha frente.

deparo-me sempre com esta dúvida: ler-me-ei com facilidade no futuro?

amarei estas letras com a mesma facilidade desprendida com que amo agora?

há pouco soubeste a Ala, à minha [ainda] irmã e a uma progressão que cresceu comigo sem análises, só sempre como
trilha
sonora

nunca ninguém mais me chamou lhi, com o teu de eterna criança grande, melhor, teu eterno, tu eterno, tu também criança grande

uma vez num sítio improvável, sem mais história do que cigarros e barulho, concluíste o que eu não soube ver e que é tão irrelevante

repetitivo?

como a vida

mais mimo que já arranho o papel de o estereótipo resultar

perdidos crianças grandes procurando ou não procurando uma segurança qualquer lá escondida nesta

inserir adjectivo

eu




um clássico para me tirar do mood
para ver se não me distraio
de parecer a misteriosa que não sou
a fingir de mim
a fazer de um cego, a fazer de um monge, a fazer de um rato, a fazer de alguém, a fazer de uma branca, a fazer de um preto, a fazer de zero

é melhor não me reler
o crivo do azul não passa aqui

já chorei hoje aqui sentada.
só para não tossir
quão aflitivo pode ser tudo isto

é este o teu estilo?
todo o mesmo, mas não estanque, pode ser assim.
apanágios.

lembretes disfarçados, e mal
mas lembretes recordocoisos

de quem somos.



10h30, 22h, digo. lugar alguma coisa da fila não sei quê do G.A. da casa Gulb.







a gosto

'também costumo auto-enganar-me a dizer que me vou lembrar das coisas elaboradas que tão bem escrevo


NAS IDEIAS'

é hoje que passo as coisas a limpo

dizia eu sempre, acumulava papelada no dossier

papelada e conversa, era quase mais papel de papelinhos, instituição
do que papelada da que serve

ainda hoje parece que guardo tudo, é um prazer bibliotecário este de me arquivar


[fui buscar o bloco para ver se cumpria a promessa e há um fundão no sofá, devo estar aqui há tempo demais]
[[olha que coisa, posso?]]


se calhar é melhor não reler, ainda me arrependo
posso passar a limpo a copiar na diagonal, ainda me saem umas coisas engraçadas

mas no estilo comediante do que o costume
troco umas letras por outras

pode ser que saia mais criptocoiso do que me apeteceu na altura



há um que ainda não pode vir para aqui, fala-me de pudores




é agora

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

até lá.. escrevo coisas.

cada vez que chega um, releio todos do início


como leria aquele pedaço de papel duro amachucado se tivesse letras
vermelho e branco, esbatido, esfarelado, es..



pecial



[disseram-me críptica. críptica qb quanto baste. críptica o suficiente para te fazer sentir que é para ti, sobre ti, de ti, sem teres certeza nenhuma, tendo todas, iludindo-te a ti próprio/a neste fim de fundo mundo rotundo elíptico o suficiente para te perderes se te deixares ir]

domingo, 23 de dezembro de 2012

é o hábito

Aspas

Quem gosta de jogar
Que aprenda a passear em trapézios

Jogo todotudotanto pelo prazer do ser

Nem esta tosse funda me demove
Passei a noite a respirar curto

Não era disso, não penses

Não penses de todo, é pelo melhor

Dizia, curto e ofegante [calminha?]
Sensação de peito alto a resvalar na afonia

Já só sussurras.



Aspas







das conveniências

des

toca
me.




sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

uquente

uquente

eloquente
quente

eloquente
elo quente

leste certo agora?



dos toques
fugidios sem querer de propósito ai desculpe obrigada faz favor

elos quentes

o que se escreve sa[n]grado

hoje acordei morto


eu gosto de ler assim
quando aquela sensação é a de

parar de respirar
parar de ver
parar de absorver
e ainda assim sugar tudo
fica tudo armazenado debaixo da língua

como se lesse em voz alta

a meio caminho entre a sensação de chorar
de me enervar
o maxilar tenso de peso de palavras


já não sei se é prisão de quê
ou dor de não sei que mais

mas esta sensação preenche-me da cintura para cima
[quem me dera a mim]

quero provocá-la
em voz.

domingo, 16 de dezembro de 2012

já estou como o outro (o que é isso do outro mas alguma vez foste o outro)

já fui contra já fui a favor
já [fui?] disse diferente já disse igual

de noite tudo continuam a ser sombras, suddenly é budapest de novo, aliás buda, ou uma igreja ecoante em lagos, e estamos todos apesar de faltarem dois
as sombras as mesmas, nós diferentes nós iguais

eu fecho os olhos enquanto canto não preciso de vos ver sinto-vos comigo basta respirar e

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

nunca lhe telefonarei antes do meio dia

parece o título vagamente trágico de uma crónica daquelas



das que escreverei num tempo verbal que não estou habituada a usar


posso até confundir quem me apetece



por
puro


[púrpuro]

like a strange fatigue

vamos ver o pinho vargas, ainda falta meia hora, vamos chá ao café do costume, que nos sonhos se transforma numa bela esplanada para o mar, mar esse que engole, o mar enrola na areia, isto já sou eu a divagar, engole mesmo, alerta onda, o mundo foge, começamos a descer, vemos a parvoíce, subimos e corremos para dentro, corremos para dentro para o centro do mundo aqui por fora, a correr a correr a correr os dois a correr, eu vou à frente para me seguires, tu corres mais depressa, acordo com o calor da tua mão e de correr, correr, correr, correr

sábado, 24 de novembro de 2012

sir simon plus orchestra

a berliner esteve cá e eu vi.
mas só no corredor a fazer de camarim, com caixas de instrumentos a fazer de guarda fatos e muitos músicos altos e loiros e carecas de cuecas e casaca.


[loiros e carecas. em simultâneo, sim.]

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

sonífero

mesmo quando te deitas sempre igual

para o lado esquerdo, meio torcida

mesmo quando babas o mesmo bocado da almofada

mesmo quando...

estás sempre em processo para alguma coisa.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

domingo, 18 de novembro de 2012

sábado, 17 de novembro de 2012

maria pata de seu nome

ai que m'cinha tão bonita, é tu neta?

é sim senhora

ah e já casaste?

não, credo

já vais tarde. tão mas que idade tens?

tenho vinte e um

vinte e um? eu com vinte e um já tinha um bebé grande!

ah.. pois

tens que ter um bebé, está mais que na hora!

os tempos mudaram..

não me digas que não tens quem to faça






a frontalidade alentejana.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

à noite

todos os gatos são pardos


mesmo que se tu olhares seja de noite e se for eu ainda seja dia
branco de um lado
azul de outro

dias parvos e noites pardas


e vice-versa






conta-me mais uma não coisa. fico embevecida a beber-te.





quinta-feira, 1 de novembro de 2012

os nões

não é só

não a links
não a miar o solo com o solista
não a beber por beber e perder o controlo



é um não maior

o não a perpetuar. a impotência contra o mimo é atroz e atrofiante, daí o não, os nões a criançar ainda mais este mundo, crendo na narcisista acepção de povoar, perpetuando o ser. porquê? para quê? continuar o ciclo viciado vicioso de mimo no pior do termo, de uma impunidade habituada apaparicada fomentada alardeada até a uma maioridade aparente que se desfaz tão rapidamente quanto os actos se esvaem.



terça-feira, 30 de outubro de 2012

abatanada.

'Um pouco farto não muito hirto e vagamente absorto'



que...


[preferes em itálico?]

domingo, 28 de outubro de 2012

que remoinhos

a vida dá. e não é só a tua.

a minha sabe-me a novela. preferia [preferias?!] que tivesse aquele travo a filme, beijo de pezinho no ar como no cinema, mas sabe a novela, não que veja muitas, é do hábito, do des disso, sabe pois.


sai-se de uma para entrar noutra, nem sabes bem porquê, as que parecem mais certas são aquelas em que pensas mais, de repente as que te surpreendem e te pegam de caras não são as que saem furadas, e vvvvvvvvvvvvvvvvvuuuuuuuiiuuuu já passaram três mil e quinhentos anos desde que nos conhecemos e tudo mudou.

excepto que volta tudo ao lugar. brincamos às mesmas coisas, como se fossem os jogos infantis [será que são?] a experimentar de novo, virado ao contrário, agora em grande.



eu humilde aqui me confesso: já nada me surpreende. depois de mim [será que ainda alguém se lembra do meu blog desses tempos] de todo esse

assai


nada me faz dizer sim senhor, essa agora é que me catrapaz zás pumbas







[a menos que tenhas um nada novo para mim. acho que é isso que procuro agora. um nada no meio da novela, um nada que me saiba a filme.]

sábado, 27 de outubro de 2012

devido a plenário de trabalhadores, a linha amarela estará com perturbações até às 12h30

algures entre o Saldanha e Picoas o metro pára entre estações
o mundo suspira
tínhamos esperado pelo menos uns dez minutos

ela e ele
frente a frente
encostados do lado das portas

ela usando os seus melhores olhos verdes, casual
blazer ganga botas altas com a meia de ovelha rendilhada à espreita

ele usando os seus melhores headphones verdes, casual
camisa meio des meio fraldada ganga allstars rasgados com a meia à espreita

ele trocista ela distraída

o metro pára
um cheiro esquisito no nariz dela
ela faz cara feia
logo o trocista

- não fui eu!

ela distraída ri e pede desculpa
sai a sorrir na estação seguinte

ele sorri o resto do caminho

[e eu, divertida, também]

linda linda.

comovida até ao ponto mais recôndito das ideias, na parte quente do coração.




a extravasar de carinho por ti, por vós todos. obrigada, meu Amigo.

Especial.



[assim que consiga respirar de novo, vai[s] ser o meu catalisador. eu[nós] consigo[guimos] sem ti[aqui]. sim.]

sábado, 13 de outubro de 2012

duas

duas gordas gotas

duas gordas torrentes explodindo


duas amigas

desfolhando a sorte



[inclina a cabeça para cima, já te ensinaram esse truque para não chorar? pode ser que com o equilíbrio certo consigas controlar a barragem de pestanas também elas já gordas, inchadas de tanto líquido]




a sorte de um ensemble morto.

domingo, 7 de outubro de 2012

d'Os indignados

fazer da vida uma indignação

profissão no BI, CC, descontos para a reforma que não existe, limite invencível de um labor para toda a vida, o de indignado

indignados com a própria vida,

mas mais, sempre mais com a dos outros




indignados porque sim, mas principalmente porque não

indignados sem se lembrar sequer da palavra no meio da palavra

dignos



indignados com a mesquinhez própria de quem ele em si indigna e dá a indignar


indignados sempre mais com o que vem de fora, porque o que vem de dentro não é perceptível ao indignado

indignados com o que interessa, mas maioritariamente com o que não interessa



to do list: estar e ser indignado
um ponto escrito a tinta permanente tatuado com força e sem requinte nenhum na retina d'Os indignados

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

da música

da música não só no dia mundial

da música como parte essência todo

da música não de vez em quando, não se calhar, não sem um mínimo de reflexão que torna o objecto importante

da música toda, a todas as horas até quando a vida está tão cheia de música que pensamos que já não cabe mais

da música feita sempre e em cada momento com a mesma entrega, sem hierarquias

da música com o respeito e a reverência que ela pede

da música sem nos lembrarmos dela só hoje, partilharmos um exemplo bonito e erudito para mostrarmos quão cultos somos


mas da música sempre, sem ser preciso grande alarde disso.



o meu hino é este. sempre tudo muito. sempre inteira. se não é a sério que não se faça, porque para perder tempo com a pequenez de tudos não serve a vida inteira.

sábado, 29 de setembro de 2012

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

deu o trangulomango nelas, não ficaram senão sete

sete, exactamente o valor da minha trangulomanguice chamada um palavrão tal género transaminase oxalacética [santinho, jesus, saúde, faz favor, credo, obrigado]


entre 15 e 37 tenho 7. não soa bem. se não for nada, não acho decente ter ficado com mais um furaquinho no braço à custa de tudo entre os valores certos excepto o trangulomango céptico.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

acordar

com o coração nas mãos

com o coração na boca


com o coração noutro lado qualquer e uma bomba das rápidas com um tictac mais acelerado que o segundo no lugar dele.

sábado, 8 de setembro de 2012

estás a ver quando te irritas com uma porra qualquer que, ou não tem nada a ver contigo, ou teve e te faz pruridos em sítios das ideias que nem sabias que ainda podiam ser acordados e ficas incrédula a pensar mas como raio é que ainda consegues comunicar com tal espécime?!, fui eu agora.

domingo, 2 de setembro de 2012

das águas livres

torrentes calmas, tão calmas,


lentamente a calma a voltar ao meu corpo
inversamente ao teor ondeante da conversa


a calma a voltar em torrentes de conforto e carinho a voltar com calma

nervoso misturado com fome no fundinho da barriga, logo abaixo do externo, uma pirâmide de sensações febris a começar no fundo de seis anos passados

e com calma, um dia de cada vez, um quiosque morno.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

marco geodésico: mais um

Não há nada mais serenamente triste que as últimas tardes de verão no sítio que se ama, que nos faz falta.
Esforço-me por manter o passo, enterro-me na areia fria à sombra de silvados e não olho para os lados com receio de invadir a privacidade bucólica de uma raposa lebre que patinhou o caminho. Cigarras, galeirões, o vento e o mar ensurdecedores.

Ensandeceu, diz-se. Ensandeceu a querer ouvir do mar em búzios cada vez mais pequenos, até à minusculia, lice, laria de um botão.

domingo, 5 de agosto de 2012

cá pra mim já escrevi isto ou sonhei que escrevi

mas eu acho que isto não são férias.

pelo menos férias na acepção de descansar e de recuperar.
eu trabalho bem é sob pressão. dêem-me setembro, já que parece que começou agora.. mail com horários, propostas de trabalho, ensaios marcados até julho, o que é isto, ainda não era agosto [como era mesmo o nosso poema?] e já tudo planeado e pensado e dorido e cheques e cartões e dinheiro e tanta coisa que nada me sabe a férias.

só este tom dourado é que me recorda [algo em mim recorda e não esquecerá?]

que oficialmente, estou de férias.

terça-feira, 10 de julho de 2012

segunda-feira, 9 de julho de 2012

o que já não acontecia há tempo

hoje senti-me gira.

não bonita, isso é diferente, mas gira.
que é aquele bonita rápido de quem olha depressa, mas volta para olhar mais com calma


olhar-me com calma eu.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

premonições e pré-munições

dia 21 falei de princípios do fim


fins há-os [chaos?]




e isto soa-me a cadência perfeita
[não podia estar mais no estilo]

ainda há um rufo de tambores, com umas baquetas daquelas, como as tuas novas


e fuuuuiiuuu, passou-se
nunstante



passa tudo, passa tudo, passa tudo
passa tudo menos o amor







pontos finais cadenciais em etapas felizes. parabéns a nós, mais uma vez. por sermos fiéis, ao outro e continuamente tremendamente consequentemente irracionalmente a nós próprios.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Cesariny.

Faz-se luz pelo processo
Faz-se luz pelo processo
de eliminação de sombras
Ora as sombras existem
as sombras têm exaustiva vida própria
não dum e doutro lado da luz mas do próprio seio dela
intensamente amantes loucamente amadas
e espalham pelo chão braços de luz cinzenta
que se introduzem pelo bico nos olhos do homem

Por outro lado a sombra dita a luz
não ilumina realmente os objectos
os objectos vivem às escuras
numa perpétua aurora surrealista
com a qual não podemos contactar
senão como amantes
de olhos fechados
e lâmpadas nos dedos e na boca




[eu escrevo num segundo, e noutro uma das pontas que nos seguram pergunta como estou. suspiro fundo e sorrio-me toda, até ao fundinho, com cada dente]

a idade do porquê. sim só um.

porque é que tudo agora me parece o início do fim?

já somos quatro, meu querido

somos quatro. igualinhos. um trio a quem faltava esse teu bocado.


deixaste-nos entrar. deixa-nos entrar.

vasculhamo-nos com um único propósito: o sermos um. equilibramos as pontas todas desta mantinha quente. aconchega-te.



quarta-feira, 13 de junho de 2012

a melhor parte do meu dia

Foi nos dois em quarto minguante

Mentirosa ela

Nos dois minguantes,eu mais minguante que tu
Nitidamente

Nos dois sozinhos a falar de coisas a serio
Como ha tanto tempo
Tu mais crescente,
Eu cheia da minguancia que esta pequenez surda ai

Ela disse me que me via ocupada, mas bem
Nao me podia ter apanhado em altura melhor

Pessoas que estamos juntas nisto
Entendemo nos todos
A mal ou a bem, staccato stacatto stacalado por favor que ja nao consigo rir mais

E nos dois sozinhos, a melhor parte do meu dia
Eu a ficar cheia e nova quando me dizes que me portei bem.

[Fica assim,sem acentos,espacos e com maiusculas. En hiver la mort meurtriere]

domingo, 10 de junho de 2012

obrigada por me lembrares do que é que eu faço

'hoje foi um dia mesmo estranho...
daqueles dias que se fosse contigo, ias a correr escrever sobre isso'


era assim, era. e agora?

quarta-feira, 30 de maio de 2012

terça-feira, 29 de maio de 2012

há diazassim

hoje tive duas audições e cantei. sozinha.


não me interessa se foi bem ou mal. só sei que voltei a cantar.

voltei. a. cantar.


só eu é que sei o que isso é um passo agigantado para estes saltos altos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

chamem-me chorona,

mas como não

não caibo em mim com estas pessoas.

uma lista pequenina que me relembra as coisas que devia e não devia ter feito, as coisas que me ficaram entaladas de tal maneira que se as penso sai esta torrente, hoje é o dia de uma dessas pessoas, um nó tão

tão. isso tudo. isto tudo.

é isso, a minha amora madurinha e o goupil le fol. os meus entalanços supersónicos.





VVVVVVVVVVVVVVVUUUUUUUMMMMMMMMM

terça-feira, 22 de maio de 2012

anestesias locais, gerais, morfina e diazepam.

aquele estado inerte, subconsciente, inconsciente
estupefacto
estupefaciente






acima de tudo indolente
[como um gato lânguido, tão perdido na vida como um salcede qualquer]

misturemos dandy com naïf


e afinal não é nada disso
[um bocado extremo]

é mais ou menos
tem o seu quê dessa definição tão pouco específica

esperando
engolando os éles, engolindo os ais


que me importam os sentidos verticais horizontais quando a dita real farsa é oblíqua e cortante


inter
põe-te

fino.


é viro ger-te. é giro ver-te.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

tanta coisa atrasada para escrever ou para transcrever

e só este tremelique no olho a soluçar

estou cansado, pára



cheguei há bocadinho, há três horas tinham passado vinte e quatro
e saí do sítio em que já começámos a pensar quando para aqui viermos

[se sobreviver à próxima semana sobrevivo a tudo, foi o que escrevi agora não sei se para a convencer a ela se a mim própria]


anda, semana. um dia de cada vez. só olho para a agenda no dia anterior. e assim vai coiso.

terça-feira, 17 de abril de 2012

isto de viver no sétimo andar

Dá um quê de tornado ao que é 'só' uma ventania..


Under maintenance [que enquanto isto não passar nem um dedinho sai fora do edredon. Ffffffuuuuuu pra ti também ó vento]

só consigo pensar

que de amanhã a oito estou a enfiar-me num avião de mão dada contigo e que vamos uma semana para lá.


L'invitation au voyage


Mon enfant, ma soeur,
Songe à la douceur
D'aller là-bas vivre ensemble!
Aimer à loisir,
Aimer et mourir
Au pays qui te ressemble!
Les soleils mouillés
De ces ciels brouillés
Pour mon esprit ont les charmes
Si mystérieux
De tes traîtres yeux,
Brillant à travers leurs larmes.

Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Des meubles luisants,
Polis par les ans,
Décoreraient notre chambre;
Les plus rares fleurs
Mêlant leurs odeurs
Aux vagues senteurs de l'ambre,
Les riches plafonds,
Les miroirs profonds,
La splendeur orientale,
Tout y parlerait
À l'âme en secret
Sa douce langue natale.

Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.
Vois sur ces canaux
Dormir ces vaisseaux
Dont l'humeur est vagabonde;
C'est pour assouvir
Ton moindre désir
Qu'ils viennent du bout du monde.
— Les soleils couchants
Revêtent les champs,
Les canaux, la ville entière,
D'hyacinthe et d'or;
Le monde s'endort
Dans une chaude lumière.

Là, tout n'est qu'ordre et beauté,
Luxe, calme et volupté.

— Charles Baudelaire





Luxe. Calme. Et volupté. Sim, por favor.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

modo semestre a recomeçar: on.

formação auditiva, canto gregoriano, tejo, coro de câmara, coro de repertório, direcção coral, octeto, magnificat, formação musical, análise, correpetição, música de câmara, gulbenkian, coro de câmara greg, fat, técnicas de direcção, harmonização, mais coro que isto três/quatro/mil não chegam, técnicas de formação musical, edd, pjm, canto, conjuntos vocais e instrumentais, vivaldi.

bora. são só mais dois mesinhos de insanidade.

[

assim entre parentesis, pode ser que só tu leias, só tu, que me apetece-te derramar-te em lágrimas só porque já não caibo em mim, já só caibo em nós, parece que rebento, expludo em carinhos, a transbordar de amor

]

quinta-feira, 29 de março de 2012

domingo, 25 de março de 2012

já lá vai o tempo

em que odiava que me chamassem Laurinha.



'- oh minha estrela!

- eu não sou uma estrela, sou uma Laura!'

quinta-feira, 22 de março de 2012

parabéns para mim, sou maior de idade nos países que me apetecer

20 de Março de 2012 - já não mas quase.

era todos os anos assim, adormecia e acordava com a rapidez inquieta de quem está ansioso.
o dia de não levar a bata preta de botões vermelhos [dia de vestido às borboletas, lembro-me agora], o dia de ir almoçar fora do colégio, o dia que significava saquinhos de gomas e moedas de chocolate na festa do sábado seguinte.
era mais uma boneca, mais uma partitura, mais uma tarte de leite para sobremesa ao jantar.

essa parte mantém-se.
tudo o resto me fugiu entre a vida como este dia me fugiu entre os dedos, maior do que qualquer terça-feira do mês, mas gorda e invisível. uma terça-feira de gelatina transparente, ainda fluida, a escoar-se como areia pelos meus dedos a gritar não me fujas.

se não conseguir ler isto amanhã, é porque se calha não valiam a pena estas letras.


[continuo ansiosa.]

quarta-feira, 21 de março de 2012

Nem sei que dia era, 10 para as 11

Há mesas vazias, mas ela chegou e pediu para ficar na minha. E eu gostei.
Sem pruridos nenhuns, sorriu simples e sentou-se,
café pão integral com manteiga e uma revista.
Respondeu
thank you
quando chegaram.

A minha meia de leite morna e o pastel de nata clarinho
também simpatizaram com ela.

parabéns laura

cada vez que leio isto verifico se estou no meio de um naipe masculino, ou a falar com um maestro jeitoso.
imaginem o meu ar a ler os mil e vinte e trinta comentários do género no facebook.


vícios gulbenkian.

sexta-feira, 16 de março de 2012

ainda na fanny

Hoje ela disse-me

bonsoir


e eu derreti-me toda, parecia o meu pai se pudesse cruzar-se com ela ali no corredor


uma jovem, sessenta anos em preto acetinado e eyeliner carregado
um sorriso que leva o mundo
uma rouquidão que me leva a mim também

sem extras, sem duplos

só ela.


Jeanne Ardant.



privilégio[s]









[Jeanne, Jeanne.. tu n'est pas seule. Il y a um coro todo aqui atrás derretido com o teu carisma.]

quarta-feira, 14 de março de 2012

domingo, 11 de março de 2012

l'aura.

fragmentos de sábado

Não é todos os dias que se vê um americano de dois metros de altura e equivalente em largo a comover-se.




Deus é bom mas o diabo também não é mau.




E sempre, na cabeça, um torvelinho:


Jeanne, jeanne.. tu n'es pas seule. il y a ce peuple en bas que te regarde.

sábado, 10 de março de 2012

arrepiadinha até à ponta

de seja o que for, de tudos o que for, o que fores

incrível como apesar de te ter visto hoje e ter sido tão normal, tão indiferente, habituei-me a estares longe estando longe como me tinha habituado a estares longe estando perto,



e há certas coisas, que fazem um clique qualquer
e volto a sentir aquele frio gélido por dentro como no dia em que me deitaste abaixo de qualquer pedestal e vali menos que qualquer folha amachucada. amachucaste-me como nunca ninguém antes nem depois.







fitter.
happier.
more productive.


sim.

terça-feira, 6 de março de 2012

Eu sei que a semana acabou de começar

[gosto disto, acabar de começar, antitético qb]

mas estou com a sensação premente de que precisava de bater com a cabeça, com o cotovelo na quina da mesa, de morder a bochecha por dentro, de tropeçar nos meus próprios pés de maneira que só me apetecia andar literalmente com uma perna às costas e todas essas analogias mais ou menos óbvias para recomeçar do zero e me pôr a trabalhar.

listas infindáveis praticamente uma de cada vez, e aprendo tão tarde a começar a riscar itens logo depois de a fazer.

estou mais ou menos preparada, e as coisas parecem de uma cor mais amena apesar de ser segunda-feira.


boa, miúdo!

sábado, 3 de março de 2012

os mistérios da estatística.

pessoa que me hirquitalliencia na alemanha, quem és tu?



regular o suficiente, a seguir-me os passos, juntando uma pinta de cada vez.

apelo.

da música ocidental

comprei um livro em segunda mão. custou me quinze euros, novo praí quarenta.


está assinado. diz-me, porque te desfizeste dele? o que mudou desde 2003, natália?

gastaste as folhas. até aquele bicho entre a capa e o que a protege leu mais do que tu nestes últimos tempos. diz-me.

mudou alguma coisa? a história ficou obsoleta?


diz-me, natália.

quinta-feira, 1 de março de 2012

a cereja?

krizx.

o que realmente compensa é que

por mais que seja poucas vezes

quando conversamos é a sério


e o apoio é




imenso. imensidão de apoio.




és tu a fazer-me o almoço de amanhã e tu a ires-me buscar o sumo para levar e o guardanapo para me assoar.

pais.

sábado, 25 de fevereiro de 2012

conta me uma história

era uma vez um menino tripeiro e uma menina benfiquista
eles foram ver um concerto e ficaram ao lado um do outro
e deram as mãos

os mindinhos!

ficaram ao lado um do outro e deram os mindinhos
no fim do concerto, não sabiam o que dizer um ao outro
uns dias depois, depois de muuuuitos olhares, o ferreirinha foi tocar ao ondajazz
trombone baixo, uuuuuuuuuuu
e convidou o menino tripeiro e a menina benfiquista para irem ver o concerto
ficaram na mesma mesa, os dois sozinhos
e depois de muuuuuitos olhares,
o menino tripeiro e a menina benfiquista deram um beijo
e depois começou a chover lá fora
e depois perderam o 15 e foram a correr até ao cais do sodré
e o ferreirinha
que toca trombone baixo, uuuuuuuuu
ficou à espera que o menino tripeiro e a menina benfiquista dessem mais um beijo à porta do táxi
muito tempo depois a menina benfiquista foi para muuuuuuuito longe
para a hungria passar três meses e meio
e o menino tripeiro esperou
esperou
esperou
muuuuito tempo
e depois ela voltou lá de muuuuuito longe
e foi muito muito muito bom

e o resto da história fica para amanhã, vá laura, vamos dormir

ooooohhhhhh mas mas eu não tenho sono..


[e foi assim que me deste os parabéns por onze, onze, onze, onze, onze meses]

e no fim disseste 'não percam o próximo episódio porque nós... também não!'
fogem dos vidros, explodem dos vidros, a primeira desbrava o carreiro e as seguintes imitam.
juntam-se no pescoço e descem o decote.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

o meu relatório erasmus não quer ser preenchido, assim o resto da bolsa não vem, eu quero lá saber, é só mais uma burocracia igual às outras todas, estou por aqui com palavras-chave com letras e números encafuados no mesmo espaço como se pertencessem ao mesmo alfabeto. não pertencem. é como eu e a minha querida rotina, caracteres antitéticos.
as minhas ideias não correspondem ao que sai, ontem na aula perdi a minha pouca eloquência, quem me achou eloquente já me deve ter perdido o rasto há anos, perdi a eloquência toda com medo não sei de quê, a insegurança toda de me deparar com o degrau acima, com o escadote todo acima, ainda por cima tudo certo, só as minhas ideias parecem zarpar mais rápido que as competências/capacidades/o raio que chamamos agora que usamos palavras caras, estruturas, orientações, desenvolvimento. é simples, para quê fingirmo-nos, toda uma erudição falhada no mais básico dos conceitos/conteúdos/estratégias.
o orgulho confiante que me assola noutros campos é completamente arrombado por isto[s], a fluidez da semana escorre e depois só pinga, pinga, pinga, eu não consigo viver aos pingos, aos borrões, podia tentar a parte azul da borracha mas tenho a cortante sensação que não vai adiantar.

são novelos. novelos de lã macia. mas com farpas de tétano.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

des

ando com umas desvontadinhas.


à desvontade na minha própria carapaça. couraça, soa mais forte e animal.

não é sem vontade, é diferente. é só uma desvontade pungente.

des. des. des.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Um 'hoje' qualquer

Espreitar pela lateral, ver a 'minha' sala do Pavilhão por uma rede de ferro,

ainda assim é possivelmente, provavelmente, definitivamente a sala mais bonita aos meus olhos,
cheia das minhas pessoas.


Lusco-fusco.

E um siamês a espreitar-nos do parapeito.

Pssssiu.

Está a olhar para mim..

10 Fev, 19h - são sete da tarde e está-se tudo a passar

Escrevória fotográfica


Quem me dera. Assim mostrava-vos a figura alta, eleganta que descia as escadas reais ao lado do seu parceiro. Esperava de tantos em tantos degraus e olhava inquiridor, porque não vens mais depressa?
Todos lhe sorriam, os que iam e vinham na escada rolante [uma vez escreveste tão bem sobre isto, sobre conhecer e ainda assim sentir o fosso, esta história é sobre o contrário, não conhecer e sentir tão perto, um sorriso com os olhos é mais effective que trinta com os dentes, a amizade não se regula pela quantidade de vezes que vemos as gengivas de cada qual, dizia, esta é sobre o contrário, que se escrevesse a nossa e tudo o que lhe vai na alma, a essa personagem que éramos nós como uma, doía demais] De tantos em tantos degraus o cão alto e elegante, branco e preto manchado desorganizado, sorria com os olhos só ao seu dono, o seu parceiro.

A miúda atrás dele, de cachecol vermelho e a ouvir madrigais com o volume no máximo era eu.

pargoletti amori nos ouvidos

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

5 Fev - se isso for domingo.

Sentada na Bertrand do CCB, cheia de vontade[s] de escrever sobre o rapaz de colete laranja e preto, em qualquer outro provavelmente ficaria mal, em ti é diferente, despercebido, como é que fazes com que laranja seja imperceptível, inaudível, inodoro, és um camaleão [que engraçado, cama, leão, serás?]
mimetismo puro a maneira como te inseres nas estantes, agradeces,
obrigado, boa tarde
sem aquela solicitude arreganhada do funcionário sôfrego por agradar,
não ao cliente, ao supervisor,

que as paredes escutam.

dizia, a voz sem a solicitude, só calma mas alerta, inteligível qb, pedi-te o último livro da autora tal, saíste-te logo com o nome do volume, encontraste-o e deste-mo, não me deixei impressionar, esta era fácil, chega o João de sobrolho franzido

fobrolho sanzido,

sabe o livro tal,
tu

zumbas
o autor,

ele riposta
[esse se calhar era fácil]
pois, mas uma edição acerca do tal,
tu entendes a linguagem, e na tua forma de parasita intravenoso dos livros respondes plano,
sim,
como uma comparação.

Quem diria, a tua sabedoria de quem vive para, com e entre os livros, para, com e entre
as letras.

Se te perguntasse aposto que me respondias:
sim, também posso recitar Cesariny

e aí eu era uma mulher feliz.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

fatias de ovos

é uma tarde de sol na casa nova do tojal, comigo a ir tirar os coelhinhos à mãe e a brincar com eles.

e é a minha avó num prato.
fatias de ovos. pão ovo leite açúcar canela.

esta é a minha parte favorita, depois vocês vão escolher a vossa, mas esta é a minha

Sobrevivi a hoje. Sobrevivi à semana inteira.


E acho que consegui dar a volta por cima.


Num compasso ternário, fosse ele alemão ou francês, ou ainda um binário italiano.

Provas, confiança, fogo, o mar a bater contra as ondas, escala de tons inteiros, harmonia colorística, fui o A, o T e o VP.


E consegui. E esse orgulho imenso de conseguir melhor do que pensava ou de conseguir por si [por mim] só, é descobrir alternativas. Eu podia ser esta pessoa. E talvez não fosse menos feliz por isso.


domingo, 12 de fevereiro de 2012

1555

Seis e pouco.

Novos, estilosos, cheios de pinta. Via-se que estavam juntos apesar da parede de vidro/acrílico/papel transparente no meio deles, apertados num daqueles lugares aos trios de frente uns para os outros, nos meios dos metros.

Ela suspirava de vez em quando [a minha mãe chamar-lhe-ia 'impava'], ele fingia não reagir mas mudava o olhar quando sentia a onda. Onda de choque, suspirava com força.

Passado um pouco, o filme mudo. Ela desabafava, ele anuía, ela suspirava de novo e abria muito os olhos a fitar o tecto.





Ele limpava as lágrimas dela com o dedo desajeitado e não arredava pé dali.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

camisolas berrantes

não são só as camisolas berrantes, muito menos as papoilas saltitantes que nunca me pareceram uma boa analogia.

foi só já ter estado naquele mesmo lugar [já nem sabia que tem uma plaquinha com o meu nome] com todos os estados de espírito possíveis, distraída, concentrada no campo, cheia de vontade que acabasse, a vibrar com o sentimento uno de um espaço tão grande tão cheio, com vontade do intervalo, já aborrecida só de pensar na televisão ligada na tvi nesse mesmo intervalo, a saber decor os jogadores, a discutir bola com os senhores da fila de trás [que ainda me tratam por 'menina'], ooolha quem cá está, cheia de vergonha de toda a gente, menina pequenina a querer esconder-se atrás do pai, com um date ao lado, com um possível date ao lado, com os meus irmãos, pais, amigos, cheia de queijo e presunto e coisas boas do museu do pão, cheia de nestea manga-ananás, de mãos dadas a rezar por mais um golo, tão cheia de frio e de chuva que só me apetecia correr dali, a fazer segundas vozes das cantigas dos NN, a analisar cada 'modulação', a gritar tímida os primeiros palavrões à frente do pai, é bola, pode-se, de saltos, de cachecol eu amo o benfica, orgulhosa do título fundador, embasbacada com a magnitude de um estádio cheio, a gritar de raiva, está fora de jogo, oh idiota.

hoje ganhámos, e eu estive lá outra vez para ver.






que emoções tão boas. tão primárias. e tão, tão boas.
eu gosto de ir à bola. 'ir à bola' assim mesmo.

sempre me aproximou do meu pai. hoje, aproximou-me de ti. de botas, calças de ganga, polar, cerveja na mão, a gritar impropérios e a cantar os hinos.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

trânsito

o melhor do trânsito são mesmo aqueles carros com um farol apagado.

rio-me, acelero, e pisco-lhes o olho também.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

L'art de toucher le clavecin.

Foi com Couperin que comecei o meu dia.


Logo depois de me convenceres a levantar, persuasivo.. fugi para o cravo, estava aberto desde ontem, estive a estudar coisas que afinal não interessavam, meu querido cravo verde e d'ouro deixas-me fazê-lo, eu sei, era Debussy, tive sorte que tinhas as teclas todas, parece que te esticas para me ajudar, senão mais uma oitava, mais uma quinta.

Fugi e toquei pela primeira vez em anos. Tocar mesmo.

Comecei pelo primeiro, titubeante, foi o meu primeiro favorito. Daí segui por ordem, o quarto fluía já como se ainda me lembrasse de tudo. Dedilhações e ornamentação.

O meu cravo. O nosso amor é mesmo verde - verde com ornamentos d'ouro.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

é já amanhã, meu amor

é já amanhã que vais ter que ter

[hoje ouvi 'tem pernas para voar'
asas para voar
pernas para andar

deu em pernas para voar,

mas no caso até parece que faz sentido


pernas e pés assentes no chão, mãos nas baquetas e a marimba voa, até os tímpanos tão pesados voam e a caixa é tão leve que foge rapidamente dali para fora, numa brisa de norte.

d'O norte]


é já amanhã [hoje, alguns diriam hoje]

que vais ter que ter pernas para voar



e eu prometo que conserto o par de asinhas do carnaval passado para poder ir ter contigo depois,

quando estiveres lá,

lá em cima, meu amor.

domingo, 29 de janeiro de 2012

corrupio

adoro a ortografia, orgulho-me dela, escrevo à antiga, como li no outro dia ao mexia [que escreve tão certo, tão torto] porque é que a minha ortografia de repente passou a ser antiga e não a outra nova? se a outra é nova não é necessariamente certo que a de sempre seja antiga, é só o que é, ainda é presente para muita gente, e vai ser para mim também, devia acrescentar um sinalinho numa forma qualquer que contivesse em letras pequeninas [que pôr as letras sempre era esforço a mais] laura lopes escreve de acordo com a antiga ortografia, mas acho que já toda a gente percebeu.


de qualquer modo.. ortografia, chega de surpresas.

corrupio? mas..

corropio.. não é palavra que eu muito escreva mas.. corrupio?


[a cabeça assim meio de lado a tentar entender, estás a ver quando escreves qualquer coisa e ela te soa mal como se uma sílaba estivesse errada naquela voz em pianíssimo que te lê as coisas em voz alta sem precisar de ordem para o fazer?]


[[assim de cabeça de lado devo parecer um mocho. há coisas que nunca mudam.]]

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

eu imagino. e fico a imaginar durante horas.

Can you picture how drop dead gorgeous this city is in the rain?

Imagine this town in the '20s.

Paris in the '20s, in the rain.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

desculpa de te abrir a carta

o bzz do telefone a vibrar-me ainda na bochecha a sinalizar o fim da chamada.




quem me dera uma carta, abria-ta, não pedia desculpa coisa nenhuma


o céu, teu céu




de um mood a outro tão rápido como furar um balão

um balão triste







meu chão

é um pouco sozinho


d
i
v
a
g
a
ç
õ
e
s





está bem, não vás. e pensa sobre a vida debruçada sobre os pés.


a vida debruçada. a vida debruçada de uma varanda de ferro forjado verde, aos arabescos.



pronuncia-se adejam. adeijam. qual adâjam.








frauen - liebe und leben.

amor e vida, engraçado. vida debruçada sobre os pés.


eu vou. não me chamo marília, mas posso habituar-me, se me chamares isso enquanto fazemos amor se calhar já não é tão pacífico, mas eu consigo habituar-me a tantas coisas, devo conseguir habituar me a isso, eu vou, mas olha que não me chamo marília

mas posso ir lograr para outro lado qualquer que não aqui.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eram doravante falhos os mais patéticos versos de amor.

Não querendo fazer meu o que é dos outros, há strengths of voice que me merecem o espaço, merecem o espaço todo. Enchem-me os olhos e principalmente, enchem-me as ideias.

[tantas frases começadas à espera do resto do enredo em mil folhas de papel..]




[[O título é Marguerite Yourcenar e o bocado de crónica é a 'Amor Burguês', José Luís Peixoto]]



Havemos de engordar juntos.

Normalmente, toda a gente está demasiado preocupada em colocar a barra que diz "cliente seguinte", estão ansiosos, nervosos, têm medo que aquele que está à frente lhes leve os iogurtes, têm medo de pagar o fiambre daquele que está atrás. Enquanto não marcam essa divisão, não descansam. Depois, não descansam também, inventam outras maneiras de distrair-se. É por isso que poucos chegam a aperceber-se de que a verdadeira imagem do amor acontece na caixa do supermercado, naqueles minutos em que um está a pôr as compras no tapete rolante e, na outra ponta, o outro está a guardá-las nos sacos.

As canções e os poemas ignoram isto. Repetem campos, montanhas, praias, falésias, jardins, love, love, love, mas esse momento específico, na caixa do supermercado, tão justo e tão certo, é ignorado ostensivamente por todos os cantores e poetas românticos do mundo. Bem sei que há a crueza das lâmpadas fluorescentes, há o barulho das caixas registadoras, pim-pim-pim, há o barulho das moedas a caírem nas gavetas de plástico, há a musiquinha e os altifalantes: responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12, responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12; mas tudo isso, à volta, num plano secundário, só deveria servir para elevar mais ainda a grandeza nuclear desse momento.

É muito fácil confundir o banal com o precioso quando surgem simultâneos e quase sobrepostos. Essa é uma das mil razões que confirma a necessidade da experiência. Viver é muito diferente de ver viver. Ou seja, quando se está ao longe e se vê um casal na caixa do supermercado a dividir tarefas, há a possibilidade de se ser snob, crítico literário; quando se é parte desse casal, essa possibilidade não existe. Pelas mãos passam-nos as compras que escolhemos uma a uma e os instantes futuros que imaginámos durante essa escolha: quando estivermos a jantar, a tomar o pequeno-almoço, quando estivermos a pôr roupa suja na máquina, quando a outra pessoa estiver a lavar os dentes ou quando estivermos a lavar os dentes juntos, reflectidos pelo mesmo espelho, com a boca cheia de pasta de dentes, a comunicar por palavras de sílabas imperfeitas, como se tivéssemos uma deficiência na fala.

Ter alguém que saiba o pin do nosso cartão multibanco é um descanso na alma. Essa tranquilidade faz falta, abranda a velocidade do tempo para o nosso ritmo pessoal. É incompreensível que ninguém a cante.

As canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Como se explica, por exemplo, que não falem dos serões a ver televisão no sofá? Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo à frente de um aparelho onde passam as séries e os filmes mais parvos que já se fizeram. Daqui a pouco começam as televendas, também servem.

Havemos de engordar juntos.




[[podia fazer a graça [al?] de dizer que eu já comecei, mas tu continuas o mesmo, mais magro até, se gostasse da palavra esbelto dizia-ta, mas como não gosto dou-me ao luxo de adormecer na tua cama enquanto trabalhas ali ao lado.]]

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

pontuação.

sempre fui pessoa de reticências. não três, duas. chega para fazer o ponto. não chega a ser hesitação, muitas das vezes. é só pausa. articulação, diria - nem sempre é preciso respirar.


agora.. de resto?


insustentável mesmo seria um ponto final. mas quem sabe?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

as armas e os barões assinalados

tem expectoração? então e de que cor é?

olhe, não sei que lhe diga, é de um púrpura escuro com florzinhas brancas pequenas, espaçadas de cm a cm, mas de vez em quando, quando me assoo, às vezes sai às riscas azuis e cinzento claro, cinzento pombo num dia de Sol na Praça da Figueira, entende?

desculpe se o meu primeiro instinto quando existe tal tipo de fluidos a escoar do meu tão ilustre corpo não é analisar-lhe a cor, como se de uma disciplina do mais importante que há se tratasse. dói-me a garganta, idiota.

[nota-se muito que estou irritada com os quase vinte euros de medicamentos que estou a tomar? e com o médico luso[íada] que me perguntou se tinha amígdalas porque não as via - olhe, comi-as, com uma batatinha cozida fica daqui - e fez piadinhas sobre a cicatriz de tamanho XXL que possuo nas costas do referido ilustre corpo?]



[[se se notar muito digam-me qualquer coisa. o mais provável é não ouvir porque estes tímpanos inflamados me estão a entupir os ouvidos e se isso parece chato, a melhor parte é que não ouço ninguém.]]

sábado, 7 de janeiro de 2012

'Que bom estares de volta(:'

vem lograr comigo..

trivia

hoje vesti a minha saia das pregas
e só tu viste.
só tu, ou quase.
vesti a saia das pregas da hungria - 350 forints, não estás orgulhosa mãe, e a minha vida cheia com uma saia azul tão retro como fora de moda
pus a saia da hungria e o casaco de paris, capricho da minha tão feliz inconsciência mãe, já dizia o poeta, um poeta, mais um poeta, menos um casaco, é tudo a dançar de mãos dadas na minha cabeça, bem vistas as coisas ainda é um salão de baile com o seu quê de amplo, paredes revestidas de cinzento e flores.
a saia da hungria, o casaco de paris, a colorir a camisola que graças a deus já era cinzenta, velha já, graças a deus fica só ainda mais cinzenta com os anos que lhe passam entre as fibras, básica, dizem, simples, eficaz, graças a deus ainda caibo nela e assim com a saia da hungria e o casaco de paris não se notam os borbotos nem um ou outro furinho, graças a deus
não, não preciso de uma nova, mãe, porque graças a deus [?] não é preciso, não preciso de nada agora, mãe, só este saco de cerejas a aquecer-me a cama, que o aquecimento não coiso, não coiso nada, não preciso de nada, mãe, não preciso de nada, ainda dá, só preciso que tu não chores.

Era tão dramática I

Em 2007, sete de fevereiro


Só escrevo quando me farto. Hoje, talvez pela primeira vez, escrevo sem aquela necessidade indescritível (e irreprimível) que me dá segurança. Estou aqui, eu matemática, a ouvi-los discutir inglês, a marcar a partitura, a pensar que raio de desculpa vou arranjar para ter faltado. Ouço-os dizer que estão ocupadíssimos. Como podem?

Não sonham o tempo que não há! Inconsciência.
Mas.. tudo é relativo.




[de notar os parêntesis. curvos. já lá vai o tempo..]

cabeceira.

por uma vez, limpa. sem um monte de livros.

pela primeira vez, com um cadernino da TATE Modern e um lápis do Museo Picasso.

sim. para não encher mais de pensamentos o bloco de notas do HTC.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

já está.

o primeiro dia já foi. o primeiro que é segundo do ano, primeiro do semestre, do que me parece ser o segundo semestre mas que afinal é primeiro, primeiro dia de aulas agora mas segundo encontro com alguns, tantos, e até o dia da semana parece ser segundo, mas conta como primeiro.


confuso? não.



[voltar da gulbenkian e conduzir, sozinha, ao som de jazz.]