sexta-feira, 10 de julho de 2015

minúscula

as palavras são a única coisa que não me falha
por mais que divague do amor fraterno
nada me falha menos que as palavras
pudesse eu e casava-me com elas já
sim, se é eterno caso-me com a arte intrínseca já hoje
e não há mais com o que me arreliar
as palavras são performances
mitos e verdades simultâneas
shows de uma só personagem
ainda assim não solitárias
incoerentes inconstantes impossíveis
mas ainda assim são as que menos me falham, elas
uno puro e incondicional
só mesmo este da arte
só mesmo esta poligamia desmedida
de amar as palavras por igual
dando-lhes a justeza que não encontro para mim

domingo, 5 de julho de 2015

pareço um peixe

se os peixes tiverem garganta que dê para fazer nós
se conseguirem ficar sem respirar muitos segundos só porque parece que se esquecem de como é
inspirar uma acção activa
uma estranheza nos sítios casa
um nó na garganta tão atado que nada entra nem sai
isto do pouco oxigénio dizem que tolda o pensamento
no caso tolda-me as mãos que escrevem
o frio que me arrepia as pernas é de dentro
afinal até está calor
mas quem está vazio por dentro tem que ter corrente de ar.