segunda-feira, 26 de novembro de 2012

nunca lhe telefonarei antes do meio dia

parece o título vagamente trágico de uma crónica daquelas



das que escreverei num tempo verbal que não estou habituada a usar


posso até confundir quem me apetece



por
puro


[púrpuro]

like a strange fatigue

vamos ver o pinho vargas, ainda falta meia hora, vamos chá ao café do costume, que nos sonhos se transforma numa bela esplanada para o mar, mar esse que engole, o mar enrola na areia, isto já sou eu a divagar, engole mesmo, alerta onda, o mundo foge, começamos a descer, vemos a parvoíce, subimos e corremos para dentro, corremos para dentro para o centro do mundo aqui por fora, a correr a correr a correr os dois a correr, eu vou à frente para me seguires, tu corres mais depressa, acordo com o calor da tua mão e de correr, correr, correr, correr

sábado, 24 de novembro de 2012

sir simon plus orchestra

a berliner esteve cá e eu vi.
mas só no corredor a fazer de camarim, com caixas de instrumentos a fazer de guarda fatos e muitos músicos altos e loiros e carecas de cuecas e casaca.


[loiros e carecas. em simultâneo, sim.]

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

sonífero

mesmo quando te deitas sempre igual

para o lado esquerdo, meio torcida

mesmo quando babas o mesmo bocado da almofada

mesmo quando...

estás sempre em processo para alguma coisa.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

domingo, 18 de novembro de 2012

sábado, 17 de novembro de 2012

maria pata de seu nome

ai que m'cinha tão bonita, é tu neta?

é sim senhora

ah e já casaste?

não, credo

já vais tarde. tão mas que idade tens?

tenho vinte e um

vinte e um? eu com vinte e um já tinha um bebé grande!

ah.. pois

tens que ter um bebé, está mais que na hora!

os tempos mudaram..

não me digas que não tens quem to faça






a frontalidade alentejana.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

à noite

todos os gatos são pardos


mesmo que se tu olhares seja de noite e se for eu ainda seja dia
branco de um lado
azul de outro

dias parvos e noites pardas


e vice-versa






conta-me mais uma não coisa. fico embevecida a beber-te.





quinta-feira, 1 de novembro de 2012

os nões

não é só

não a links
não a miar o solo com o solista
não a beber por beber e perder o controlo



é um não maior

o não a perpetuar. a impotência contra o mimo é atroz e atrofiante, daí o não, os nões a criançar ainda mais este mundo, crendo na narcisista acepção de povoar, perpetuando o ser. porquê? para quê? continuar o ciclo viciado vicioso de mimo no pior do termo, de uma impunidade habituada apaparicada fomentada alardeada até a uma maioridade aparente que se desfaz tão rapidamente quanto os actos se esvaem.