Hoje sonhei contigo.
Estávamos em Lisboa, tinhas chegado da Índia mais uma vez e ficaste um dia.
Começa a meio de um jogo, foste comigo ao futebol, nós, o meu camarote cheio das pessoas conhecidas, 'mete o Cannigia, mete o João Pinto', acho que até era ele que também lá estava, sim, eu fui uma criança que gostava de futebol, [estou a escrever às escuras para não me esquecer, espero conseguir ler] estavas lá também, acabou o jogo e ficámos para o fim, não me lembro que tenhas dito mais nada para além de que o que trazias era frágil, ficámos para o fim, dizia, nós dois e o meu pai, ele com aquela cara meio franzida de 'não vou fazer perguntas' a deixar-nos no primeiro piso, nós vamos a pé, já vou ter a casa, é perto.
Ficou um relógio esquecido no camarote, não sei se ganhámos sequer, reparei, a tua mochila era de metal, nunca vi nada assim, parecia daquelas de som, cheias de fios e coisas importantes, andavas e ela fazia tlim, tentei adivinhar mil vezes, é loiça de certeza, da Índia, que esquisito, é um sonho, não faz mal, é para ela, não sei se me disseste ou se fui eu que deduzi, o guilherme contou-me e diz que tenho ciúmes, não é verdade, como é que pode se estou tão bem, a sério, como nunca, comprei um postal e cada vez que o vejo penso em ti, museum das broken relationships, desta vez devia ser eu a mandar-te o postal, mas isso és tu que fazes, eu só choro e rio quando os recebo, diz 'you are perfect' e depois é tipo uma raspadinha, é suposto descobrires o resto, talvez te diga mais logo, eras mesmo, és, era por isso que andava tonta, apaixonada até aos cabelos, eras e és [acordou tudo aqui no quarto], só que faltava qualquer coisa, que me bloqueava, não sei, o beijo nervoso mesmo a gritar 'adeus, não vai acontecer e não é justo' na gulb, e ela parece tão bonita, se fosses da gulb dizia-te 'parabéns', é isso que fazemos, dizia-te algo que não dava e eu confusa, sem saber lidar a deixar-te longe e cheia de ti e depois, postais e tu.
O resto do postal diz algo como 'just bad timing' não sei se é mesmo, acho que não, deve ser mais bonito e menos cru, e daí não, ias amar o museum, ias ficar com os olhos marejados, perdi a conta às vezes que te notei chorar, dizia, não tenho a certeza porque não raspei, é meu, mas acho que não devia ser eu, não sei porquê isto mas queria contar, o sonho acaba connosco a andar, a falar do joão e ia a contar-te que quero contar ao meu pai.
Sem comentários:
Enviar um comentário