quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

é quando um homem quiser

o meu diz que vai ser sábado

mas hoje, por uma mesa para cinco, dos do coração, mesmo que uma agora durma, dois já voem e outro tenha ido ajudar outro sortudo e isso me deixe sozinha no dia de natal, vale a pena ficar.
a minha sala está quente, chove lá fora, tenho o coração cheio dos meus de hoje, de ontem, e dos dias todos, a troca de prendas dos quatro ainda é mais logo, mas o maior bem ainda está para vir.
é sempre assim, o maior bem ainda está para vir. se pensar assim não custa. está tudo, tudo bem.

domingo, 21 de dezembro de 2014

sou isso exactamente:

saímos de portugal porque não nos é suficiente
não cabemos, extravasamo-nos de portugal para fora porque somos e queremos mais

e passamos o tempo fora

a amar cada bocadinho de casa
a enchermo-nos de saudade
a louvar cada coisa pequenina
e a gabar-nos da grandeza

da grandeza tão grande da nossa pequenez

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

desses teus olhos morenos

quem me dera não te poder fazer todas as declarações de amor que me suspendem
se não fosse tão fácil talvez não as sentisse, talvez não abrisse estas pandoras, meu amor, meu amor

domingo, 26 de outubro de 2014

20 dias

eu prometi a mim mesma que era pouco tempo
que estaria com a mesma vontade

hoje escrevi que daqui a três dias estou de volta
e chegou aquele aperto ao coração que me catalisa as lágrimas

respira fundo, Laura Maria

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

terça-feira, 14 de outubro de 2014

o espaços

o morno é tão morno
tão quente tão morno
tão casa, carinho
esforçando-se por desencaixar

domingo, 5 de outubro de 2014

zwischen fach

in between worlds
in between voices
but no more in between countries

aqui, com os dois pés como não antes
nunca estar tão bem plantada na terra me deu tanto espaço para voar


terça-feira, 2 de setembro de 2014

Boa viagem Lisboa espera por ti

ver a frase azulejada
as miúdas entreolham-se cúmplices
um dos rapazes já lá longe
o outro pergunta
o quê, já estás a chorar?
as miúdas voltam a entreolhar-se
a confirmar a ligeira água no olhar da outra
sorriem-se ternas e não respondem

vá eu tiro-vos uma fotografia
larga isso, vive o momento
pfuuuu

sábado, 23 de agosto de 2014

offline

um sono sem sonhos

era bom, não era
nunca ninguém me tratou assim
para quê filtrar?
és tu. todo tu, a esvaziar-me bater-me
dar-me pontapés na vida
na história que pensas que escreveste
todo tu, meio álcool meio ideias, a não filtrar o que se te passa pela cabeça
é triste no fundo a verdade sei-a toda
é medo medo puro de me ter
de ser nós
não sou ana nenhuma da tua vida
sou diferente
sem três anos de ser nem um de estar
mas no fundo tão perto
mais perto
não há mentira que me digas que me engane nisto
não há realmente mais ninguém
capaz vazia premente
que te queira assim
com todos os dentes que tens na boca
podes esconder o que quiseres
mas isto é puro
tão puro como

o eu consumiu-te todo
um tutano de ti feito em pó
pó de ser e dor dos outros

à terra tornarás
pó de ti
com resquícios de mim
com ex-resquícios de mim

quarta-feira, 2 de julho de 2014

esvaziada

é diferente de vazia. estar-se esvaziada é porque os furinhos [aqueles, de que falei aqui e aqui] não se tapam, não há rolhas nem testos nem nadas volumosos o suficiente para controlar as torrentes que deles saem.
estou esvaziada de todo, vazia de mim agora como há tantos, tantos meses
à espera do que me possa reintegrar
à espera dos quems que me curam as feridas que as palavras abrem
as palavras de amor. as coisas voltam, as pessoas não. estas sabedorias antigas só me esvaziam mais um pouco. porque saber-te o amor não me consola, só me desconsola e descontrola e desenche por te saber tu tão vazio também. tu estás vazio mesmo. cheio de um amor por mim que não te enche. eu, esvaziei-me de mim para ti. tudo para ti.

é hoje que hei de tossir um pulmão.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

[12 de Junho de 2014, 10h29. Arnold Schönbergszaal, Koncon.]

não fales. shhh.

[e a urgência de escrever esvai-se. porquê?]


sabias que levas a mão esquerda à cara
quando estás nervoso?
eu.. fico insuportável. estou insuportável hoje
e a razão não é verbalizável


[agora estamos em palco. com o barulho das luzes pode ser que não ouças o quão furioso é o arranhar do lápis no papel. shhh.]



duas notas. duas notas de Dowland e transbordam-me
os olhos. transbordam-se-me os vidros.

semper dolens

engole em seco e enxuga os olhos.

terça-feira, 3 de junho de 2014

e se as surpresas falhassem?

o que interessa é que as fazia na mesma
tudinho outra vez
para vos aconchegar

relativiza. um dois três e já aí estás outra vez.

sábado, 31 de maio de 2014

até que gosto do meu nome

demorou. demorou uns anos até o aceitar, e a aceitar o facto de não ser nome para alguém da minha idade
deve ser isso, isto de crescer: começas a gostar de ser diferente, invulgar
até podes não ser invulgar de todo, mas ter um nome romântico faz-te pensar que sim e até pode ser giro

anyway

sou Laura por causa da Laura de Noves
aquela, a do Petrarca. o amor platónico e o ideal renascentista
durante séculos música foi escrita com o meu nome
o original
ou assim l'aura
o que ainda o torna mais bonito e etéreo
como se eu fosse uma brisa de cabelos louros leves
bem, não sou.

anyway

como eu dizia, música foi escrita durante séculos com o meu nome
muitas Lauras inspiraram pessoas a escrever e a compôr
hoje deparei-me com mais outro
when Laura smiles, her sight revives both night and day
achei piada, guardei
lieber bleib' ich hier, lächelt Laura mir

é que não é só a Laura, é o sorriso dela

[engraçado isto do sorriso, não é? sorri, abre a porta]

anyway

há pouco fui googlar, escrevendo devagarinho para ver o que aparecia:
when lau..

'when Laura acts happy, she experiences increased feelings of cheerfulness'

ah.

devo ser a única, não?


9ºC

porque é que as conclusões mais prementes se concretizam sempre às três da manhã?

sexta-feira, 30 de maio de 2014

primeiro dia de dieta

uma pizza
oito quadradinhos de chocolate
um cinnamon bun


[chá, frango cozido e quilos de pepino não te salvam disto]

this is going to be great.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Kit SOS mil

'... se bem que
as merdas que eu escrevo
quanto mais cansada estiver melhor'

sexta-feira, 23 de maio de 2014

sexta-feira, 16 de maio de 2014

pronto, já podes copiar. passar a limpo, tirar imperfeições

[eu sei lá o tamanho de uma fita]

só te digo que estas coisas não deviam ser assim
que a minha letra é a minha letra
incompreensível é certo
mas que as injustiças da geografia
não te deviam privar dela

privar-me de ti
privar-nos de nós
duas, como uma
não é preciso falar muito
privámos e agora privamo-nos

e de repente olha para ti,
quase licenciada
orgulho meu
pequena

anda. anda comigo apanhar sol na esplanada
escaldar-me as bochechas
rir ao som de vinho branco
que isto

isto ainda agora começou.
parabéns por isso e por este monte de fitas
este monte de corações
cheios cheios de ti

[que seja este o tamanho de uma fita]

tua, sempre tua

Laura Lopes



[16 de Maio de 2014, 21h51, Den Haag]

quarta-feira, 14 de maio de 2014

são outra vez três da manhã

e eu assoei-me à manga
como uma criança
uma criança grande com o brilho nos olhos
de tão exposta
vazia de mim para ti
dada


toma, leva. eu quis.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Oh I am so sorry, did we wake you up?

Esta manhã fui acordada pelo sino que temos em vez de campainha.
Eram onze da manhã e tinha dois rapazes giros do outro lado da porta.

- Actually, we want to talk to you about your future.

- [random mumbling ensonado]

- Do you believe in things like that?

O quê? Se acredito no meu 'futuro'? Sim, considerando que se não me tivessem acordado não estava pronta a tempo da aula de canto, sim.

E também acho que foi algo de 'futuro' divino que fez com que não me roubassem a bike hoje, considerando que me esqueci de a prender à árvore.



E pronto. Pelos vistos também há Jeovás aqui nas Holandas e hoje pseudo salvaram-me de ouvir um ralhete.



Sabes o que mais é viciante?

Descobrir-te.

sábado, 10 de maio de 2014

Je est un autre

gosto de silêncios. de silêncios confortáveis, ou de silêncios nervosos.
não gosto de silêncios cheios de palavras, entendes?
entendes..
-me?

domingo, 4 de maio de 2014

speaking of signs from the universe

o pensamento na minha cabeça é 'AAAAAAAAAAAAAAAAAAH!'
e bam! mensagem do pai.

'calma.'

o mesmo pai com quem a única conversa que consigo ter é sobre futebol, acerta em cheio assim. praí na terceira mensagem whatsapp que me manda na vida.

et puis voici mon coeur..

canta. canta o resto.

terça-feira, 29 de abril de 2014

à noite, ao frio, de luvas apesar de hoje até ter estado sol.

pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar pedalar até perder o sentido.

não faças perguntas difíceis se não queres ouvir respostas difusas, dadas de costas. médio.

domingo, 27 de abril de 2014

sem título.

vai fazer três anos, em paris, vivi uma tarde ao sol, a ver dançar tango. um rádio no chão, pouca amplificação, mas chegava bem para aquela dezena de pares. não me esqueço da senhora vestida de amarelo da cabeça aos pés, com um cabelo demasiado comprido para a idade, sim, porque isso existe, quer se queira ou não, e um daqueles elásticos feios grossos espumosos a prendê-lo. amarelo, como o resto.
os homens que dançavam melhor eram mais velhos. os novos não arranjavam par, as raparigas de sapatos vermelhos preferiam dançar com homens mais velhos. passava ali uma vida, sem pestanejar. estávamos ao lado do pompidou, e por uma vez, a arte moderna estava cá do lado de fora.

porque é que isto me comove tanto? porque nessa tarde sonhei em viver ali, naquela espontaneidade e quis aprender tango para o dançar com o meu amor da barba ruiva. e agora passaram três anos, andei a brincar às casinhas com homónimos entretanto, estou sentada num sofá ruivo, no país errado e sozinha. se calhar é por isso.

sábado, 26 de abril de 2014

chuva miudinha

e um rush de adrenalina

impulsos.

escrevesse eu coisas bonitas

textos todos bem alinhados
certos
com as frases todas direitinhas a conjugar-se para culminar num final desentendido
e o meu blog era tão normal
eu se calhar até ia gostar de o ler
não fosse ele meu

mas não. d-escrevo. prefiro certeiros a certos, por mais que a exactidão difusa das palavras me continue a seduzir. a assertividade, a certidão. a rectidão do ser. il faut être voyant..
prefiro-me-te assim, hirquitalliency.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

[não] deixaste a luz do quarto acesa

o 'se me conhecesses' allover again
[porquê eu sempre em busca do se me conhecesses porquê até parece que não chega já]
se me conhecesses percebias
que hoje me vim embora porque me doías

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Somos o tipo de pessoa

Que pede sempre os mesmos dois sabores de gelado

Andamos à procura do mesmo
Sempre do mesmo
Que não é o outro
É tudo sempre sempre o mesmo

Amanhã vêm os meus pais. Vou levá-los lá e.. sei lá. Dar-me ao luxo de escolher outros dois sabores de gelado.

Mais um pontinho hoje.

Os amores acabam com pontos finais.
A questão está quando os pontos finais são tantos que se juntam em reticências..

quarta-feira, 16 de abril de 2014

sábado, 12 de abril de 2014

quarta-feira, 9 de abril de 2014

se um dia morrer de forma inesperada, tenta fazer com que fiques com alguns dos meus escritos.

sim. prometo. com -me.
comprometo-me.

[e os meus? quem quero que mos tenha?

samica?
no fundo, ninguém.

estas coisas de escolher nunca funcionam muito bem para mim, afinal.]

sexta-feira, 4 de abril de 2014

sexta-feira, 28 de março de 2014

Holanda

tu aqui não tens um concerto
tens um gig
não tens uma bicicleta
tens uma bike
[to be continued]

segunda-feira, 24 de março de 2014

tinoninoni.

saberás por acaso o que é resplandescer?

[travar a fundo e hesitar. resplandecer ou resplandescer?]


não deves saber. porque resplandescer é renovar-se e aperceber-se, tornar todos os verbos na sua forma reflexa.
tornar-se. resplandescer-se, mas não descer-se, é precisamente o contrário, subir-se e elevar-se nesta luz que te enche os olhos, te aquece o peito e te humedece as mãos.

quinta-feira, 20 de março de 2014

diz que amanhã vão estar vinte graus

estou tão ansiosa que acho que não durmo.

Parabéns a mim

Já comovida até à ponta das lágrimas
E ainda só duas horas de dia
Noite
Aliás só uma
Se fosse em Portugal
Ah se fosse em Portugal

Moscatel e rosas
Começaste bem
Começaste muito bem

quarta-feira, 19 de março de 2014

Quando-furas-o-balão-com-uma-agulha

Praguejar
Prag
Aguejar
Jar
Só me apetece
Pra
Gue
Chorar
Pra quê?
Chorar

[side notes in english on the back of a paper]

Hormonal inebriada e demasiado ébria de compôr
Dentes quase tão cerrados como os olhos, a gorgolejar nuances. Glance glimpse dimensions.

Nonsenses da posse.

'I like the non meaning'

dizia o Thom Yorke. ele sabe.


[sinto que fui atropelada por um autocarro. vou dormir. motion picture soundtrack.]

sexta-feira, 7 de março de 2014

estragas-me sempre a maquilhagem

tens esse condão.
quero-te pedir desculpa mas acho que não é bem isso
quero só dizer que rebentei em lágrimas escuras escuras
porque é verdade
como sempre tens razão
eu injustiço-me
e injustiço-me-te
e tu sabes que aquela fatia não cede. não cede nunca à ilusão
mas os ilusionistas são sempre tão fortes
e o resto do bolo perde-se nas traduções dos gestos
repito para mim própria o que te disse e o que me dizes
[já há tempo que tento aquilo do repetir muitas vezes a ver se se torna verdade]
e fecho-me em copas
porque tenho medo, é sempre o medo
a culpa, o medo, a vontade de não desiludir
e venho aqui e quero
quero quero quero
só vontades, isto
e puff fogem-me as palavras
ou melhor, não fogem
têm só pudor em aparecer

eu escolhi. e se calhar arrependo-me.
quão perdida posso estar se me arrependo das escolhas?
eu nunca me arrependo das escolhas
as escolhas são eu
são-me minhas
como nada mais o é
mas fraquejo e arrependo-me das escolhas todas
quando estou demasiado tempo sem ter aquilo que mas confirma
e fraquejo, e perco o pé
e deixo-me levar
e a fatia pequenina volta
quando a minha consciência me acorda
quando tu, a minha consciência, me tentas acordar

vou sair agora. adivinha o que vou fazer.
vou aproveitar o sol. vou despreocupadamente aproveitar o sol
representar de novo este papel

que me chova em cima. que me chova em cima com força no domingo. granizo vento chuva tudo.

[e não tenho a certeza de nada.]

quinta-feira, 6 de março de 2014

domingo, 2 de março de 2014

E se por uma vez eu escrevesse a realidade

Hoje fomos aos sítios novos e velhos, Mouradia e Tuareg. Eu antes ainda fui ao sítio intermédio, a Casa da Comarca. Éramos só tu e eu dos velhos. O Marcos já se tinha ido [as noites de sábado cada vez mais atípicas, cada vez mais atípicas] e a Laura já conta como velha, considerando o resto? Hoje foi tudo velho novo, como só tu o consegues fazer. E agora?

sábado, 1 de março de 2014

coisas difusas

imagens e frases
eu posso controlar tudo
menos isso
as imagens e frases e os actos
ah, os actos factos
como podem factos ser difusos
o mundo na mão dizia ela
o mundo não sei
mas a minha mente sim
que mente mente que mente
e se dilui
hoje não
hoje não quero lidar com nada
tudo certezas tão absolutas quanto difusas
quanto confusas

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

susrespiro fundo

assusta um pouco
mas sabe bem
saber que a cada capa que estala
sou menos críptica

glup engole em seco
desliga os faróis
e dorme bem
é notório que vais dormir bem

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

hoje acordei e não era aqui que estava

era na outra, na outra casa. a minha já. e sabia bem. acordei, fui para as aulas, voltei, ouvi a andrea à porta a remexer pela chave, fui abrir e um abraço quente, o maayan assobiou de manhã e eu nem uma ponta de irritação, sabes, os hábitos e as rotinas quando os recomeças parecem novos em vez de velhos e são surpresa na mesma, vês? acordei lá com aquela sensação de brrrr na barriga, não era frio, acho mesmo que não era frio, que a holanda já me parece quente que chegue, aconchegante até, provavelmente estou a ver tudo mal e é só aquilo de se ter saudades de onde não se está, mas o que é facto é que enganada ou não já me apetece voltar, já sou um bocadinho haia, já sou um bocadinho aquele calor esquisito, já sou com aquelas pessoas, eu que me parecia estar a habituar a ser sozinha, ser sozinha, ser sozinha, entendes o conceito? é mais fundo que isso, nem mau nem bom, só neutro, é o que é e tu apercebes-te às vezes lentamente demais que já precisas de sozinhar-te outra vez, mas dizia eu, eu parecia estar a habituar-me a sê-lo de novo e pam! não, espera, acho que não pam!, escolhe uma onomatopeia mais suave e mais assim espalhada, como se deixasses escapar-te areia por entre os dedos, mas areia grossa e molhada que se cola às tuas mãos no fim, insere aqui esse som e percebe que preenches os brancos e.. não costumo hesitar, já te expliquei que isto é como sai e não gosto de voltar atrás mas.. às vezes não se tem logo as palavras para explicar tudo, estas coisas não se arrumam em caixinhas, são areia molhada que te vai aparecendo e se vai colando ao teu corpo. resta só saber se nos vamos deixando envolver.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

estou habituada a estar embriagada de alguém

agora estou embriagada de alguéns

de nós todos ao frio ao sol depois dos desafinados depois do exame a ver um jogo só porque sim

a gritar:

don giovanni

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

sábado, 15 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Odeio primeiras impressões. Só devia haver segundas.

A questão é se esta conta como primeira, segunda ou terceira.
Ou se conta por todas, ou se conta como quinta. Numa terça às cinco e cinquenta e cinco da manhã com um até já nas ideias.

E agora quem é que dorme?

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

não tem preço

poder dizer

não quero falar sobre isso. conta-me o teu dia.
e ouvir-te falar das tuas plantas e da tua felicidade
e acabar a conversa já bem disposta
já sem me lembrar de nada
o mood todo animado
de sorriso nos dedos e na boca

como no poema de Cesariny

e de sorriso na alma
a alma cheia, bem cheia

faz-se luz pelo processo de eliminação de sombras
e tu és o meu apagador


sábado, 8 de fevereiro de 2014

sinceridades

não gosto de ler blogs
vejo um texto corrido fico logo sem vontade
prefiro assim

a desenhar

com
               as palavras

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Habilidade para uma des-coisa

Desorientação por exemplo
[Era des-iludes-me naquela noite, não era? Desdigam-me, se o dessouberem]

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Desliga

Desliga desliga desliga
Te

Que hoje é um dia grande

E não podes acordar assim

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

'boa sorte filha'

tive um dia bom
comecei o dia com uma notícia boa
estava sol, andei bem disposta
tive um dia bom
tive uma boa aula
comprei uma bicicleta
roxa, linda
tive um dia bom
recebo notícias da maior injustiça
uma estúpida avaliação
de quem não faz ideia
de quem não sabe o que é viver doente
viver doente e suportar tudo
carregar tudo
um com cancro outra operada
ambos operados no final
e agora isto
como, como?
como é que não vêem
que a maior avaliação foi passada
com louvor
distinção
tudo
merda
não estou habituada a chorar de óculos
vou a enxugar e lentes
molhadas, rios de impotência
a encher-me as lentes de água
tinha tido um dia bom
tive um dia mau