era na outra, na outra casa. a minha já. e sabia bem. acordei, fui para as aulas, voltei, ouvi a andrea à porta a remexer pela chave, fui abrir e um abraço quente, o maayan assobiou de manhã e eu nem uma ponta de irritação, sabes, os hábitos e as rotinas quando os recomeças parecem novos em vez de velhos e são surpresa na mesma, vês? acordei lá com aquela sensação de brrrr na barriga, não era frio, acho mesmo que não era frio, que a holanda já me parece quente que chegue, aconchegante até, provavelmente estou a ver tudo mal e é só aquilo de se ter saudades de onde não se está, mas o que é facto é que enganada ou não já me apetece voltar, já sou um bocadinho haia, já sou um bocadinho aquele calor esquisito, já sou com aquelas pessoas, eu que me parecia estar a habituar a ser sozinha, ser sozinha, ser sozinha, entendes o conceito? é mais fundo que isso, nem mau nem bom, só neutro, é o que é e tu apercebes-te às vezes lentamente demais que já precisas de sozinhar-te outra vez, mas dizia eu, eu parecia estar a habituar-me a sê-lo de novo e pam! não, espera, acho que não pam!, escolhe uma onomatopeia mais suave e mais assim espalhada, como se deixasses escapar-te areia por entre os dedos, mas areia grossa e molhada que se cola às tuas mãos no fim, insere aqui esse som e percebe que preenches os brancos e.. não costumo hesitar, já te expliquei que isto é como sai e não gosto de voltar atrás mas.. às vezes não se tem logo as palavras para explicar tudo, estas coisas não se arrumam em caixinhas, são areia molhada que te vai aparecendo e se vai colando ao teu corpo. resta só saber se nos vamos deixando envolver.
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