vai fazer três anos, em paris, vivi uma tarde ao sol, a ver dançar tango. um rádio no chão, pouca amplificação, mas chegava bem para aquela dezena de pares. não me esqueço da senhora vestida de amarelo da cabeça aos pés, com um cabelo demasiado comprido para a idade, sim, porque isso existe, quer se queira ou não, e um daqueles elásticos feios grossos espumosos a prendê-lo. amarelo, como o resto.
os homens que dançavam melhor eram mais velhos. os novos não arranjavam par, as raparigas de sapatos vermelhos preferiam dançar com homens mais velhos. passava ali uma vida, sem pestanejar. estávamos ao lado do pompidou, e por uma vez, a arte moderna estava cá do lado de fora.
porque é que isto me comove tanto? porque nessa tarde sonhei em viver ali, naquela espontaneidade e quis aprender tango para o dançar com o meu amor da barba ruiva. e agora passaram três anos, andei a brincar às casinhas com homónimos entretanto, estou sentada num sofá ruivo, no país errado e sozinha. se calhar é por isso.
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