segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

é já amanhã, meu amor

é já amanhã que vais ter que ter

[hoje ouvi 'tem pernas para voar'
asas para voar
pernas para andar

deu em pernas para voar,

mas no caso até parece que faz sentido


pernas e pés assentes no chão, mãos nas baquetas e a marimba voa, até os tímpanos tão pesados voam e a caixa é tão leve que foge rapidamente dali para fora, numa brisa de norte.

d'O norte]


é já amanhã [hoje, alguns diriam hoje]

que vais ter que ter pernas para voar



e eu prometo que conserto o par de asinhas do carnaval passado para poder ir ter contigo depois,

quando estiveres lá,

lá em cima, meu amor.

domingo, 29 de janeiro de 2012

corrupio

adoro a ortografia, orgulho-me dela, escrevo à antiga, como li no outro dia ao mexia [que escreve tão certo, tão torto] porque é que a minha ortografia de repente passou a ser antiga e não a outra nova? se a outra é nova não é necessariamente certo que a de sempre seja antiga, é só o que é, ainda é presente para muita gente, e vai ser para mim também, devia acrescentar um sinalinho numa forma qualquer que contivesse em letras pequeninas [que pôr as letras sempre era esforço a mais] laura lopes escreve de acordo com a antiga ortografia, mas acho que já toda a gente percebeu.


de qualquer modo.. ortografia, chega de surpresas.

corrupio? mas..

corropio.. não é palavra que eu muito escreva mas.. corrupio?


[a cabeça assim meio de lado a tentar entender, estás a ver quando escreves qualquer coisa e ela te soa mal como se uma sílaba estivesse errada naquela voz em pianíssimo que te lê as coisas em voz alta sem precisar de ordem para o fazer?]


[[assim de cabeça de lado devo parecer um mocho. há coisas que nunca mudam.]]

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

eu imagino. e fico a imaginar durante horas.

Can you picture how drop dead gorgeous this city is in the rain?

Imagine this town in the '20s.

Paris in the '20s, in the rain.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

desculpa de te abrir a carta

o bzz do telefone a vibrar-me ainda na bochecha a sinalizar o fim da chamada.




quem me dera uma carta, abria-ta, não pedia desculpa coisa nenhuma


o céu, teu céu




de um mood a outro tão rápido como furar um balão

um balão triste







meu chão

é um pouco sozinho


d
i
v
a
g
a
ç
õ
e
s





está bem, não vás. e pensa sobre a vida debruçada sobre os pés.


a vida debruçada. a vida debruçada de uma varanda de ferro forjado verde, aos arabescos.



pronuncia-se adejam. adeijam. qual adâjam.








frauen - liebe und leben.

amor e vida, engraçado. vida debruçada sobre os pés.


eu vou. não me chamo marília, mas posso habituar-me, se me chamares isso enquanto fazemos amor se calhar já não é tão pacífico, mas eu consigo habituar-me a tantas coisas, devo conseguir habituar me a isso, eu vou, mas olha que não me chamo marília

mas posso ir lograr para outro lado qualquer que não aqui.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Eram doravante falhos os mais patéticos versos de amor.

Não querendo fazer meu o que é dos outros, há strengths of voice que me merecem o espaço, merecem o espaço todo. Enchem-me os olhos e principalmente, enchem-me as ideias.

[tantas frases começadas à espera do resto do enredo em mil folhas de papel..]




[[O título é Marguerite Yourcenar e o bocado de crónica é a 'Amor Burguês', José Luís Peixoto]]



Havemos de engordar juntos.

Normalmente, toda a gente está demasiado preocupada em colocar a barra que diz "cliente seguinte", estão ansiosos, nervosos, têm medo que aquele que está à frente lhes leve os iogurtes, têm medo de pagar o fiambre daquele que está atrás. Enquanto não marcam essa divisão, não descansam. Depois, não descansam também, inventam outras maneiras de distrair-se. É por isso que poucos chegam a aperceber-se de que a verdadeira imagem do amor acontece na caixa do supermercado, naqueles minutos em que um está a pôr as compras no tapete rolante e, na outra ponta, o outro está a guardá-las nos sacos.

As canções e os poemas ignoram isto. Repetem campos, montanhas, praias, falésias, jardins, love, love, love, mas esse momento específico, na caixa do supermercado, tão justo e tão certo, é ignorado ostensivamente por todos os cantores e poetas românticos do mundo. Bem sei que há a crueza das lâmpadas fluorescentes, há o barulho das caixas registadoras, pim-pim-pim, há o barulho das moedas a caírem nas gavetas de plástico, há a musiquinha e os altifalantes: responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12, responsável da secção de produtos sazonais à caixa 12; mas tudo isso, à volta, num plano secundário, só deveria servir para elevar mais ainda a grandeza nuclear desse momento.

É muito fácil confundir o banal com o precioso quando surgem simultâneos e quase sobrepostos. Essa é uma das mil razões que confirma a necessidade da experiência. Viver é muito diferente de ver viver. Ou seja, quando se está ao longe e se vê um casal na caixa do supermercado a dividir tarefas, há a possibilidade de se ser snob, crítico literário; quando se é parte desse casal, essa possibilidade não existe. Pelas mãos passam-nos as compras que escolhemos uma a uma e os instantes futuros que imaginámos durante essa escolha: quando estivermos a jantar, a tomar o pequeno-almoço, quando estivermos a pôr roupa suja na máquina, quando a outra pessoa estiver a lavar os dentes ou quando estivermos a lavar os dentes juntos, reflectidos pelo mesmo espelho, com a boca cheia de pasta de dentes, a comunicar por palavras de sílabas imperfeitas, como se tivéssemos uma deficiência na fala.

Ter alguém que saiba o pin do nosso cartão multibanco é um descanso na alma. Essa tranquilidade faz falta, abranda a velocidade do tempo para o nosso ritmo pessoal. É incompreensível que ninguém a cante.

As canções e os poemas ignoram tanto acerca do amor. Como se explica, por exemplo, que não falem dos serões a ver televisão no sofá? Não há explicação. O amor também é estar no sofá, tapados pela mesma manta, a ver séries más ou filmes maus. Talvez chova lá fora, talvez faça frio, não importa. O sofá é quentinho e fica mesmo à frente de um aparelho onde passam as séries e os filmes mais parvos que já se fizeram. Daqui a pouco começam as televendas, também servem.

Havemos de engordar juntos.




[[podia fazer a graça [al?] de dizer que eu já comecei, mas tu continuas o mesmo, mais magro até, se gostasse da palavra esbelto dizia-ta, mas como não gosto dou-me ao luxo de adormecer na tua cama enquanto trabalhas ali ao lado.]]

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

pontuação.

sempre fui pessoa de reticências. não três, duas. chega para fazer o ponto. não chega a ser hesitação, muitas das vezes. é só pausa. articulação, diria - nem sempre é preciso respirar.


agora.. de resto?


insustentável mesmo seria um ponto final. mas quem sabe?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

as armas e os barões assinalados

tem expectoração? então e de que cor é?

olhe, não sei que lhe diga, é de um púrpura escuro com florzinhas brancas pequenas, espaçadas de cm a cm, mas de vez em quando, quando me assoo, às vezes sai às riscas azuis e cinzento claro, cinzento pombo num dia de Sol na Praça da Figueira, entende?

desculpe se o meu primeiro instinto quando existe tal tipo de fluidos a escoar do meu tão ilustre corpo não é analisar-lhe a cor, como se de uma disciplina do mais importante que há se tratasse. dói-me a garganta, idiota.

[nota-se muito que estou irritada com os quase vinte euros de medicamentos que estou a tomar? e com o médico luso[íada] que me perguntou se tinha amígdalas porque não as via - olhe, comi-as, com uma batatinha cozida fica daqui - e fez piadinhas sobre a cicatriz de tamanho XXL que possuo nas costas do referido ilustre corpo?]



[[se se notar muito digam-me qualquer coisa. o mais provável é não ouvir porque estes tímpanos inflamados me estão a entupir os ouvidos e se isso parece chato, a melhor parte é que não ouço ninguém.]]

sábado, 7 de janeiro de 2012

'Que bom estares de volta(:'

vem lograr comigo..

trivia

hoje vesti a minha saia das pregas
e só tu viste.
só tu, ou quase.
vesti a saia das pregas da hungria - 350 forints, não estás orgulhosa mãe, e a minha vida cheia com uma saia azul tão retro como fora de moda
pus a saia da hungria e o casaco de paris, capricho da minha tão feliz inconsciência mãe, já dizia o poeta, um poeta, mais um poeta, menos um casaco, é tudo a dançar de mãos dadas na minha cabeça, bem vistas as coisas ainda é um salão de baile com o seu quê de amplo, paredes revestidas de cinzento e flores.
a saia da hungria, o casaco de paris, a colorir a camisola que graças a deus já era cinzenta, velha já, graças a deus fica só ainda mais cinzenta com os anos que lhe passam entre as fibras, básica, dizem, simples, eficaz, graças a deus ainda caibo nela e assim com a saia da hungria e o casaco de paris não se notam os borbotos nem um ou outro furinho, graças a deus
não, não preciso de uma nova, mãe, porque graças a deus [?] não é preciso, não preciso de nada agora, mãe, só este saco de cerejas a aquecer-me a cama, que o aquecimento não coiso, não coiso nada, não preciso de nada, mãe, não preciso de nada, ainda dá, só preciso que tu não chores.

Era tão dramática I

Em 2007, sete de fevereiro


Só escrevo quando me farto. Hoje, talvez pela primeira vez, escrevo sem aquela necessidade indescritível (e irreprimível) que me dá segurança. Estou aqui, eu matemática, a ouvi-los discutir inglês, a marcar a partitura, a pensar que raio de desculpa vou arranjar para ter faltado. Ouço-os dizer que estão ocupadíssimos. Como podem?

Não sonham o tempo que não há! Inconsciência.
Mas.. tudo é relativo.




[de notar os parêntesis. curvos. já lá vai o tempo..]

cabeceira.

por uma vez, limpa. sem um monte de livros.

pela primeira vez, com um cadernino da TATE Modern e um lápis do Museo Picasso.

sim. para não encher mais de pensamentos o bloco de notas do HTC.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

já está.

o primeiro dia já foi. o primeiro que é segundo do ano, primeiro do semestre, do que me parece ser o segundo semestre mas que afinal é primeiro, primeiro dia de aulas agora mas segundo encontro com alguns, tantos, e até o dia da semana parece ser segundo, mas conta como primeiro.


confuso? não.



[voltar da gulbenkian e conduzir, sozinha, ao som de jazz.]