quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

já perdi a conta ao refresh

refresco isto de cinco em cinco segundos

ando à espera de não sei de quê
sento-me na ponta da cadeira naquele intermédio de me levantar

ando alerta
atenta
demais, um bocado demais

sinto que estou com pressa de alguma coisa,
mas como não sei bem o que é vou esperando

sentada na pontinha da cadeira
pescoço tenso

diferente do absorto desligado normal
este é o modo suspenso

será uma resposta qualquer?

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

não, não me levantei no fim

e tu? a ti move-te isto e trauteias com os dedos nas pernas como eu tamborilaria com a voz esta parte em menor, se pudesse

a ti, que na minha periférica só tens braços e pernas e te levantas para aplaudir,

mesmo sem cabeça

pinho vargas a solo - parece férias, não sei a data

não me comoveste especialmente, foram mais os pequenos miúdos recordantes e o tempo e a calma que o tempo preenche.

ninguém coça a barba como tu, de um modo tão cativante. sei a tua face, o osso do maxilar e cada pedaço ruivo da tua cara decor
ainda.

o ainda assim na outra linha.

ninguém me chamou lhi mais vez nenhuma. aqueles quadrados de chocolate apodrecerão comigo
não que isso tenha nada de belo
mas esse último acorde soube a kecskemét e chick corea
inspirado e mais que tudo inspirador
como as duas cabeças quase unidas nos lugares mesmo à minha frente.

deparo-me sempre com esta dúvida: ler-me-ei com facilidade no futuro?

amarei estas letras com a mesma facilidade desprendida com que amo agora?

há pouco soubeste a Ala, à minha [ainda] irmã e a uma progressão que cresceu comigo sem análises, só sempre como
trilha
sonora

nunca ninguém mais me chamou lhi, com o teu de eterna criança grande, melhor, teu eterno, tu eterno, tu também criança grande

uma vez num sítio improvável, sem mais história do que cigarros e barulho, concluíste o que eu não soube ver e que é tão irrelevante

repetitivo?

como a vida

mais mimo que já arranho o papel de o estereótipo resultar

perdidos crianças grandes procurando ou não procurando uma segurança qualquer lá escondida nesta

inserir adjectivo

eu




um clássico para me tirar do mood
para ver se não me distraio
de parecer a misteriosa que não sou
a fingir de mim
a fazer de um cego, a fazer de um monge, a fazer de um rato, a fazer de alguém, a fazer de uma branca, a fazer de um preto, a fazer de zero

é melhor não me reler
o crivo do azul não passa aqui

já chorei hoje aqui sentada.
só para não tossir
quão aflitivo pode ser tudo isto

é este o teu estilo?
todo o mesmo, mas não estanque, pode ser assim.
apanágios.

lembretes disfarçados, e mal
mas lembretes recordocoisos

de quem somos.



10h30, 22h, digo. lugar alguma coisa da fila não sei quê do G.A. da casa Gulb.







a gosto

'também costumo auto-enganar-me a dizer que me vou lembrar das coisas elaboradas que tão bem escrevo


NAS IDEIAS'

é hoje que passo as coisas a limpo

dizia eu sempre, acumulava papelada no dossier

papelada e conversa, era quase mais papel de papelinhos, instituição
do que papelada da que serve

ainda hoje parece que guardo tudo, é um prazer bibliotecário este de me arquivar


[fui buscar o bloco para ver se cumpria a promessa e há um fundão no sofá, devo estar aqui há tempo demais]
[[olha que coisa, posso?]]


se calhar é melhor não reler, ainda me arrependo
posso passar a limpo a copiar na diagonal, ainda me saem umas coisas engraçadas

mas no estilo comediante do que o costume
troco umas letras por outras

pode ser que saia mais criptocoiso do que me apeteceu na altura



há um que ainda não pode vir para aqui, fala-me de pudores




é agora

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

até lá.. escrevo coisas.

cada vez que chega um, releio todos do início


como leria aquele pedaço de papel duro amachucado se tivesse letras
vermelho e branco, esbatido, esfarelado, es..



pecial



[disseram-me críptica. críptica qb quanto baste. críptica o suficiente para te fazer sentir que é para ti, sobre ti, de ti, sem teres certeza nenhuma, tendo todas, iludindo-te a ti próprio/a neste fim de fundo mundo rotundo elíptico o suficiente para te perderes se te deixares ir]

domingo, 23 de dezembro de 2012

é o hábito

Aspas

Quem gosta de jogar
Que aprenda a passear em trapézios

Jogo todotudotanto pelo prazer do ser

Nem esta tosse funda me demove
Passei a noite a respirar curto

Não era disso, não penses

Não penses de todo, é pelo melhor

Dizia, curto e ofegante [calminha?]
Sensação de peito alto a resvalar na afonia

Já só sussurras.



Aspas







das conveniências

des

toca
me.




sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

uquente

uquente

eloquente
quente

eloquente
elo quente

leste certo agora?



dos toques
fugidios sem querer de propósito ai desculpe obrigada faz favor

elos quentes

o que se escreve sa[n]grado

hoje acordei morto


eu gosto de ler assim
quando aquela sensação é a de

parar de respirar
parar de ver
parar de absorver
e ainda assim sugar tudo
fica tudo armazenado debaixo da língua

como se lesse em voz alta

a meio caminho entre a sensação de chorar
de me enervar
o maxilar tenso de peso de palavras


já não sei se é prisão de quê
ou dor de não sei que mais

mas esta sensação preenche-me da cintura para cima
[quem me dera a mim]

quero provocá-la
em voz.

domingo, 16 de dezembro de 2012

já estou como o outro (o que é isso do outro mas alguma vez foste o outro)

já fui contra já fui a favor
já [fui?] disse diferente já disse igual

de noite tudo continuam a ser sombras, suddenly é budapest de novo, aliás buda, ou uma igreja ecoante em lagos, e estamos todos apesar de faltarem dois
as sombras as mesmas, nós diferentes nós iguais

eu fecho os olhos enquanto canto não preciso de vos ver sinto-vos comigo basta respirar e