quarta-feira, 6 de março de 2013

Já faz meia hora que vim prá cama.

Aqueles dias em que te deitas e toda tu és, só podes ser, um asterisco. Not in a good way, toda tu és espinhos, a tua última comunicação com todas as pessoas foi mais uma farpa afiada, falaste mal, respondeste torto, o boa noite amanhã saio cedo e levo o carro saiu mais insolente do que esperavas, escreveste em fúria, desligaste o telefone a carregar com mais força no ecrã a desejar que isso passasse para o outro lado da linha, se pudesses carregavas com força era no olho do interlocutor, choras de nervos e de raiva e os espinhos nada, não amaciam nem um bocadinho, ouves os pais a aquecer um chá e anseias para que te venham oferecer, só para depois provavelmente resmungares um não mais alto do que seria necessário, não respondes à mensagem mas na cabeça ó ai o que praí anda, já espremeste a situação, treinaste o discurso, se for preciso até tiraste umas notas, a indignação não passou, mas a consciência diz-te que se acontecesse alguma coisa agora não te ia apetecer rebolar sozinha apoiada nos teus picos, escreves uma mensagem de parabéns a ver se te amacia ao menos o coração, apercebes-te que é só medo de não conseguires, de os teus planos de futuro não coiso, de o deixares fugir, de não seres como ela, de seres como ela, e principalmente de não seres tu, fazes as contas aos dias a ver se tens desculpa para tal fita por causa da altura do mês, tens médio, os espinhos ainda a magoar-te as costas e a impedir-te de dormir, se me conhecesses sabias que ia precisar de escrever logo depois da cena e vinhas ver, se eu te conhecesse sabia que vais ler atrasado e não perceber nem um terço, mas que isso não vai importar, os espinhos afrouxam e ao ler isto parece que me conforto de algum modo, se todo o drama é ninguém compreender, assim o leitor capta perfeitamente, como se [eu] fosse eu.

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