sexta-feira, 28 de março de 2014

Holanda

tu aqui não tens um concerto
tens um gig
não tens uma bicicleta
tens uma bike
[to be continued]

segunda-feira, 24 de março de 2014

tinoninoni.

saberás por acaso o que é resplandescer?

[travar a fundo e hesitar. resplandecer ou resplandescer?]


não deves saber. porque resplandescer é renovar-se e aperceber-se, tornar todos os verbos na sua forma reflexa.
tornar-se. resplandescer-se, mas não descer-se, é precisamente o contrário, subir-se e elevar-se nesta luz que te enche os olhos, te aquece o peito e te humedece as mãos.

quinta-feira, 20 de março de 2014

diz que amanhã vão estar vinte graus

estou tão ansiosa que acho que não durmo.

Parabéns a mim

Já comovida até à ponta das lágrimas
E ainda só duas horas de dia
Noite
Aliás só uma
Se fosse em Portugal
Ah se fosse em Portugal

Moscatel e rosas
Começaste bem
Começaste muito bem

quarta-feira, 19 de março de 2014

Quando-furas-o-balão-com-uma-agulha

Praguejar
Prag
Aguejar
Jar
Só me apetece
Pra
Gue
Chorar
Pra quê?
Chorar

[side notes in english on the back of a paper]

Hormonal inebriada e demasiado ébria de compôr
Dentes quase tão cerrados como os olhos, a gorgolejar nuances. Glance glimpse dimensions.

Nonsenses da posse.

'I like the non meaning'

dizia o Thom Yorke. ele sabe.


[sinto que fui atropelada por um autocarro. vou dormir. motion picture soundtrack.]

sexta-feira, 7 de março de 2014

estragas-me sempre a maquilhagem

tens esse condão.
quero-te pedir desculpa mas acho que não é bem isso
quero só dizer que rebentei em lágrimas escuras escuras
porque é verdade
como sempre tens razão
eu injustiço-me
e injustiço-me-te
e tu sabes que aquela fatia não cede. não cede nunca à ilusão
mas os ilusionistas são sempre tão fortes
e o resto do bolo perde-se nas traduções dos gestos
repito para mim própria o que te disse e o que me dizes
[já há tempo que tento aquilo do repetir muitas vezes a ver se se torna verdade]
e fecho-me em copas
porque tenho medo, é sempre o medo
a culpa, o medo, a vontade de não desiludir
e venho aqui e quero
quero quero quero
só vontades, isto
e puff fogem-me as palavras
ou melhor, não fogem
têm só pudor em aparecer

eu escolhi. e se calhar arrependo-me.
quão perdida posso estar se me arrependo das escolhas?
eu nunca me arrependo das escolhas
as escolhas são eu
são-me minhas
como nada mais o é
mas fraquejo e arrependo-me das escolhas todas
quando estou demasiado tempo sem ter aquilo que mas confirma
e fraquejo, e perco o pé
e deixo-me levar
e a fatia pequenina volta
quando a minha consciência me acorda
quando tu, a minha consciência, me tentas acordar

vou sair agora. adivinha o que vou fazer.
vou aproveitar o sol. vou despreocupadamente aproveitar o sol
representar de novo este papel

que me chova em cima. que me chova em cima com força no domingo. granizo vento chuva tudo.

[e não tenho a certeza de nada.]

quinta-feira, 6 de março de 2014

domingo, 2 de março de 2014

E se por uma vez eu escrevesse a realidade

Hoje fomos aos sítios novos e velhos, Mouradia e Tuareg. Eu antes ainda fui ao sítio intermédio, a Casa da Comarca. Éramos só tu e eu dos velhos. O Marcos já se tinha ido [as noites de sábado cada vez mais atípicas, cada vez mais atípicas] e a Laura já conta como velha, considerando o resto? Hoje foi tudo velho novo, como só tu o consegues fazer. E agora?

sábado, 1 de março de 2014

coisas difusas

imagens e frases
eu posso controlar tudo
menos isso
as imagens e frases e os actos
ah, os actos factos
como podem factos ser difusos
o mundo na mão dizia ela
o mundo não sei
mas a minha mente sim
que mente mente que mente
e se dilui
hoje não
hoje não quero lidar com nada
tudo certezas tão absolutas quanto difusas
quanto confusas